Fistulas anais – tratamento atual


Para entender que é fistula anal e abscesso anal, pode clicar aqui, já conversamos num post passado sobre a origem destas doenças. Aqui irei falar sobre as opções de tratamento, que são várias e algumas funcionam mais e outras menos.

O tratamento da fistula anal é SEMPRE cirúrgico. Não existe tratamento com terapia por via oral ou tópica que resolva este problema.

A cirurgia de fistula é sempre uma cirurgia complexa, porquê apesar do porte baixo/médio, pode ter consequências sobre a função do ânus, em primeiro lugar sobre a continência (a capacidade de segurar gases e fezes). Isso porquê essa cirurgia a maior parte das vezes envolve o corte dos músculos ao redor do ânus, os esfincteres.

O tratamento sempre depende da complexidade da fistula- isto é, do tipo de fistula (simples, com vários trajetos,se atravessa um ou ambos os músculos esfincteres, se é anterior ou posterior, se o paciente é homem ou mulher, se já foi operada etc).

O padrão para o tratamento da fistula hoje em dia ainda é a fistulotomia ou a fistulectomia onde o trajeto fistuloso é aberto (no primeiro caso) ou removido inteiramente.

A técnica cirúrgica com a taxa de cura maior é a fistulotomia/fistulectomia: nesta técnica a fístula é aberta permitindo a sua completa eliminação.De outro lado, o corte parcial dos esfíncteres, necessário nesta cirurgia, pode reduzir a habilidade para controlar a saída dos gases e das fezes.

  • usualmente a taxa de cura é de 85-90%
  • o risco de alteração da continência consta prevalentemente em incontinência a gases e/ou vazamento fecal leve após a evacuação (mancha na roupa íntima, escape involuntário de gases), e ocorre no 6-28% dos casos. Quando isso acontece, pode ser que você necessite ser submetido a fisioterapia dos esfíncteres e/ou a uma cirurgia para reparar/aumentar os esfíncteres.

Opções menos invasivas

Existem mais opções menos invasivas, mas todas tem o seu risco de recidiva e de incontinência fecal (este ultimo porém menor):

  • Fistulectomia com Esfincteroplastia primaria (FIPS)
  • Ligadura do Trato Interesfincteriano (LIFT)
  • Retalho mucoso

Todas estas técnicas necessitam de um corte para eliminar tudo o uma parte do trajeto da fistula.

Existem também outras técnicas, menos invasivas mas menos eficazes:

  • Laser (FiLac)
  • Plug de Fibrina

Sobre Plug de Fibrina escrevi uns anos atrás sobre sua eficacia que era e continua sendo limitada. O Laser é discretamente eficaz para fistulas curtas e baixas, onde porém existe tratamento tradicional com porcentagem de recidiva e de risco de incontinência similar. Essa técnica tem taxa de sucesso oscilante entre 50 e 67 % com risco de ter que repetir o procedimento mais de uma vez.

A escolha da técnica é sempre feita no momento da cirurgia, em quanto as imagens de RMN ou de Ultrassom as vezes não são tão verídicas. Por isso o cirurgião que opera tem que tem que ter experiência e tem que dominar todas as técnicas para poder utilizar a melhor e mais apropriada para o caso.

Não é incomum ser operado por uma fistula mais de uma vez: as vezes não é possível resolver o problema com uma cirurgia só. A fistula anal é uma doença séria com um tratamento que requer paciência e tempo.

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